terça-feira, 22 de novembro de 2011

Carta de desistencia


                                                                             Caro amigo,                                                                            22/11/2011
Quero agradecer por todas as vezes que pedi carinho e você me deu, mesmo quando você se sentiu como se prestasse um favor. Quero dizer que a nossa amizade me valia tanto ao ponto de me rastejar até você cabisbaixo, com os olhos de quem implora remissão, mesmo tendo sido o mais devotado amigo que você já teve. Mesmo quando eu estava me sentindo sozinho e você me ignorava, eu quis todo o tempo ser fiel a nossa amizade. Mesmo quando apanhei de você por algo seu que caiu e não consegui segurar sozinho, eu queria limpar a sujeira, emitir um som, fazer um gesto desengonçado para me tornar objeto da sua atenção e ser absolvido de minha falha. Eu era feliz por estar contigo e lhe ser útil para distração quando você estava angustiado, eu me sentia abatido, desconsertando, desesperado quando não conseguia lhe dar nem que seja conforto nos tempos difíceis. Perdoe-me se te amei demais. É uma carta de perdão por ter amado e de desistência. Perdoe-me por desistir, mas já estou pisando em falso, com o andar manco pelas surras e pelo peso que era carregar essa nossa relação, minha alma está pesada. Não cedo por amar menos, desisto porque envelheci com tudo que se passou e não aguento como aguentava antes.
                                                                                                                                                                                              ASS: Cachorro

Giulia Campanha

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Diferente e indiferente

Mudou e mexeu com tudo, mas mudou sem sair do lugar. Está como antes lá sentado diferente de como era, indiferente a como antes costumava estar. Não parece se importar em como as pessoas estão vendo-o mudar, continua lá sentado, visível aos velhos amigos, torturando-os por agora não poderem toca-lo. Mudou de visual, expressão, educação, prioridades, e o coração que todos amavam não está mais lá. É questão de tempo até todos irem mudando de lugar, bem para longe do egoísta que os machuca sem ao menos chatear-se. Cabe agora aos velhos amigos o deixarem lá sentado e irem embora, já que sofrer por quem não está lá por você é o pior castigo que se pode receber de quem se ama. Colocou todos de castigo por não gostar mais de si mesmo.

Giulia Campanha

domingo, 11 de setembro de 2011

Nada bem escrito, só raiva pra dividir

Eu já tive pessoas por quem eu morreria, por quem eu mataria, por quem eu fugiria sem nem pensar duas vezes. Assim como tive pessoas que pensei que fariam o mesmo por mim. O tempo passa, você se desgasta, quase se mata para ver alguém sorrir. O relógio continua rodando e a cada hora mais você se esforça para ver alguém ser feliz. Chama pessoas para a sua casa, permite que se sintam a vontade no seu espaço, na sua mente, no seu coração. Permite que entrem no seu íntimo, que saibam seus medos e seus maiores segredos, mas sempre se preocupa mais com o que elas temem, porque o que você quer é protegê-las. Mais o tempo passa e você necessita de alguém do seu lado, e quem vai te dar a mão não é quem você sempre cuidou, a ajuda e a consideração vêm de onde você menos espera. Você se decepciona com quem você tanto se importou e no final nem do seu lado passa. A dor te consome, você tenta se culpar, tenta voltar ao que era antes, mas mais uma vez o tempo passa e você nota que esse alguém já não é mais tão importante, que só traz a você um nó na garganta e agora você passa a dar valor as pessoas certas.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Meu suporte

Perder você me faz sentir como se tivessem retirado a peça suporte de tudo que construí, quando toquei tudo simplesmente desabou e eu não pude fazer nada porque você não estava lá para me ajudar a segurar. Talvez eu tenha construído algo pesado demais para você suportar e agora não sei como tornar tudo leve o bastante para você voltar. Rearranjar tudo só torna as coisas iguais, insuportáveis, reconstruir exige peças novas inclusive as de suporte, eu só gostaria de reformar, mas não sei quais os destroços devem ser aproveitados se você não me disser. Vou começar me reciclando, me dê créditos por isso, não é fácil admitir que precisa ser refeito, que não é bom o bastante.

Giulia Campanha

domingo, 3 de julho de 2011

De costas a você

Deve ser a hora de deixa-lo ir, pois já o sinto longe; cuidei de você o quanto pude, tentei protege-lo de todos e até de mim mesma. Você não sabe o quanto é difícil fazer isto, virar as costas a quem dediquei vida e alma para ver bem, mas se eu não o fizer você se sentirá obrigado a estar junto a mim por gratidão. Você tem caráter demais para simplesmente ir, por isso vou eu. Amo-o demais para deixa-lo nesta gaiola de moralidade.  Vou andando carregando o corpo pesado que não deseja sair de sua órbita, vou devagar para que você não note e tente me impedir. Quando perceber, já estarei longe demais para o ouvir chamar-me de volta. Você não precisa mais de um anjo da guarda e sim aprender valores sozinho. Eu o protegi por ama-lo e você me amou por comodidade, só você não sabe disso.

Giulia Campanha

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Eu sei o desfecho

Essa nossa história que me aflige e me confunde, cheia de vírgulas que me permitem pequenos suspiros enquanto fico a espera de um ponto final. Você muda, distorce e retorce os fatos fazendo do meu personagem a fonte de todo drama. Esse seu humor negro que brinca e se diverte com tanto sentimento faz com que nessa nossa história haja uma sátira ao amor escrita nas estrelinhas, há sempre o tolo que se entrega a um verbo não correspondido e o realista que enfatiza o quanto amar se tornou um verbo comum e característico de um sujeito perdido que vaga iludido. Pode achar que estou iniciando um novo capítulo dramático, mas a verdade é que estou acabando com todo o suspense ao dizer que sei o final de tudo: você terá se divertido e eu terei me tornado seu reflexo, alguém inseguro ao ponto de ser incapaz de recomeçar e aceitar que faz bem viver com o amor. Saí ferida tão profundamente que me tornei aquilo que eu não gostava em você e talvez faça isso com alguém, tornando tudo um ciclo vicioso. Amores correspondidos são impossíveis e os possíveis são desvalorizados.

Giulia Campanha

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Minha coisa simples de mais para encontrar

Estou procurando por algo simples, mas que ainda não sei o que é, mas quando eu encontrar eu saberei que era aquilo que eu estava procurando. Talvez esteja próximo de mim, olhando para mim, mas eu ainda não o encontrei, mas quero encontrar logo, preciso de algo simples em que eu possa confiar como recomeço. Então enquanto isso, fico tentando encontrar algo complicado que distraia minha mente até que eu tropece no que eu venho procurando sentir. Ando por todos os lugares, ando fechando meus olhos e tentando enxergar, onde está escondida minha coisa simples? Não sei mais por onde andar. Coisa simples, por onde você anda? Talvez esteja por aí também, tentando esbarrar em mim. Quero encontra-la logo, estou sentindo o tempo escapar pelos meus dedos e não sei qual é a validade de um recomeço. É tão simples que a vida me ensinou a não encontrar.


Giulia Campanha

sexta-feira, 18 de março de 2011

Essa Guerra é de todos

Coloquei minhas armas de lado e as mãos nos bolsos, mas os sons da guerra de onde estou abafam meu grito de paz. Guerrilheiros a postos; armas em punhos; os semblantes sorrindo sem vergonha alguma, protegem as mentes de qualquer tiro de consciência que possa os atingir. Eu desprotegido contra a vergonha de já ter defendido qualquer motivo para que isso tudo iniciasse, corro já ferido, minha mente sangra incompreensão e confusão, meu coração já massacrado pelas bombas de decepção, procura a esperança do fim desse inferno como cura dos anseios. Eu me rendo, me ajoelho perante aos que me fizeram fraquejar e admito minha rendição, simplesmente me rendo de algo maior do que essa guerra, me rendo dessa batalha que chamam de vida. Conseguiram com que eu sentisse dor em uma alma que antes eu nem acreditava ter, que queima causando angustias demais para que eu possa ignorar sua existência.
Parabéns para você que afoga seu caráter em uma mistura de falta de vergonha na cara, perseguição, maldade e álcool.
Dedico esse texto a quem não encontra um sentido para a vida então se ocupa em destruir as vidas que os cercam. A carapuça serviu?

Giulia Campanha

quinta-feira, 10 de março de 2011

meu eu indignado

Às vezes acho que não sou daqui, ninguém enxerga através de mim, meu silêncio é mal interpretado, meus gestos parecem estar sempre sendo vigiados. Ninguém se lembra das coisas que eu nunca vou esquecer e o que muitos chamam de rancor eu chamo de mágoa. Eu queria tentar olhar a sociedade de outra perspectiva, mas não aguento tanto preconceito tentando me influenciar, tentando fazer que eu seja sempre a peça que parece não se encaixar. Eu gosto da glória de poder chorar sem me sentir menor na vida, de sorrir por poder sair da rotina, de poder entender minhas próprias poesias, de felizmente deixar a vida decidir o que devo fazer. Estava satisfeita com a simplicidade das coisas, mas cresci e notei o prazer que as pessoas tem de dificultar tudo sabe-se lá o porquê. Cansei de esperar uma cena de cinema acontecer, cansei de tanta gente equivocada falando muito e no final não dizendo nada, hoje a casa pode cair que eu não vou fraquejar, aprendi a lutar por mim.


Giulia Campanha 

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Seu fantasma é meu anseio

Eu que me martirizava por de mais te amar e estar sempre me preocupando com seu bem estar, você desinteressado em qualquer consequência e agindo sem consciência. Agora esquecer esse seu semblante parece um trabalho árduo e eu me pego a todo instante preferindo ser exaurida por completo, ter todo o ardor da perda de uma só vez, para que sua presença deixe de ser tão incômoda. Se tivessem me dito que eu sentiria essa dor por você eu riria sem fim, se tivessem me dito que o nosso pra sempre tinha início e fim, eu os teria chamado de insanos, mas agora só sei me perguntar como fui a única que nunca notou tudo isso, sua verdadeira face. Seguir em frente parece fácil em outras histórias, a dor parece menor nos poemas, agora é sentar e esperar esse anseio se dissipar. Você me prometia coisas e eu acreditava de olhos fechados, até agora estou presa no escuro esperando que cumpra suas promessas, mas ainda não encontrei o cara que me prometeu, apenas vejo o qual ele se transformou, não quero abrir meus olhos e ver que essa mudança é permanente.
Giulia Campanha

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

limite da verdade com a mentira

Os sinceros não são maus, o que acontece é que a realidade é ruim e quem diz muitas verdades parece ser cruel. Para muitos mais vale uma doce mentira do que uma verdade amarga, mas até onde a doce mentira continua inofensiva e até onde a amarga verdade pode ser evitada? Os diferentes conceitos sobre os limites entre inofensivo e dispensável causam dores e rancores já que muitas pessoas preferem a dura realidade a mais perfeita ilusão. Seja quem for que se diz com a razão, o que preferia saber da verdade ou o que escolheu esconder algo para proteger, não há certo e errado até o limite ser descoberto, decifrado. Convém tentar achar o limite que se encaixe no hábito social, mas isso até encontrarem um equilíbrio entre razão (verdade que assusta) e o coração (mentira de quem tenta poupar alguém).

Giulia Campanha