domingo, 28 de novembro de 2010

Eles

Em meio a tantas formas de amores, tantos medos e tantas dores. Apenas um suspiro que solto e me entrego como réu de pensamentos profundos e distantes, paranoias e agonias, devaneios. Perco-me em lembranças que me entorpecem e me preencho de felicidade por ter vivido o pouco que já vivi, orgulho de ter crescido o pouco que já cresci. No final da viagem por minhas memórias vejo que minha maior façanha foi ter deixado que Eles me encontrassem. Eles que fizeram minha autoestima para que eu pudesse ser alguém e ter orgulho da minha existência. Eles, meus amigos, são a maior façanha de toda a minha vida. Eu que lutei para encontra-los, mas foram eles que me encontraram e enxergaram meus valores e atenuaram meus temores. Acordo do meu sonho acordada e a única vontade que tenho não é de lhes agradecer, mas sim suplicar: nunca saiam da minha vida, eu não saberia viver em um mundo que vocês não existissem.

Giulia Campanha


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Pare para a felicidade

E nem que eu te dissesse você não notaria como é feliz. Você tem que parar de tentar encontrar amigos novos e sim aceitar que os amigos mudam; tem que parar para ver que por mais que o dilúvio pareça acontecer só sob sua cabeça, ele está sob a cabeça de todos ou somente em sua mente; tem que parar de procurar alguém que fique segurando seu céu e aprender a segurar sozinho, entender que cada um tem seu céu para impedir que toque o chão; tem que parar de esperar que façam o que você faria, ninguém é igual a você; tem que parar de tentar se enxergar no reflexo de alguém e observar seu próprio reflexo; tem que parar de julgar-se réu e ser seu próprio advogado de defesa; simplesmente pare e recomece se necessário, mesmo que para recomeçar completo signifique reaprender a andar, falar e principalmente enxergar. Reeduque-se para notar que pode ser feliz.


Giulia Campanha

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

No final não passa de um conselho

E você com esse sorriso torto, cabelo desarrumado, olhar geralmente longe. Esse seu jeito que me entorpece, minha perna parece que se esquece de andar, eu fico parada, só te olho, observo, em alma eu me entrego. Esse jeito bobo e descontraído, que você sabe que mexe comigo e me tortura o quanto pode. Eu, boba, rio de qualquer piada sua, procuro qualquer reflexo meu no seu olhar, me ponho a seu dispor. Você simplesmente parte para qualquer lugar distante, não leva consigo nenhum instante que juntos passamos e como se fosse réu inocente diz querer apenas partir completo, já que carregar qualquer sentimento para você é o mesmo que ficar estagnado, pesado, sem forças para mexer o corpo e sair do lugar. E eu apenas aconselho, se quer salvar-se: ame; se quer torturar-se: ame.


Giulia Campanha

domingo, 7 de novembro de 2010

Essa mentira toda

Fizeram-me acreditar em tantos contos de fadas e agora quando preciso de um herói para me salvar, me criticam por ainda não ter percebido não ser uma princesa. Fizeram-me acreditar que o Papai Noel me traria qualquer coisa por ser uma boa garota, mas quando escrevi uma carta pedindo felicidade vi que minha carta não teve retorno, apesar do meu bom comportamento durante o ano todo. Fizeram-me acreditar que o Coelho da Páscoa distribuía ovos de chocolate a toda uma população, mas logo depois me mostraram uma criança morta de fome caída, sem nunca ter comido um pão. Agora, em meio a minha total descrença no fim dos meus anseios, tentam me fazer acreditar que dinheiro não traz felicidade, que o amor supera tudo, que nós vamos um dia viver em um novo mundo. Não vejo nenhum milionário correndo de bala perdida na favela ou chorando por não ter o que dar ao filho de comer, não vejo nem amor próprio nas pessoas para que elas possam começar se perdoando para perdoar qualquer outra coisa, não vejo ninguém lutando para mudar essa nação. As pessoas transformam suas vidas em romance, terror, ação e até comédia, tudo pela graça de iludir alguém, mesmo que esse alguém se torne elas mesmas. Jaz aqui minha inocência e fantasia.


Giulia Campanha

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

By Myself


E eu que sempre soube da minha petulância, não percebi quando se tornou arrogância! Parando para notar essa transformação e me sentindo completamente na contra mão, meu pescoço parece não suportar o peso da minha cabeça tão sobrecarregada pela bondosa consciência. Tudo bem senhorita consciência, me torture com meus atos que só agora os notei descabidos, mas não tente fazer com que me arrependa de tê-los feito. Posso me martirizar por não ter feito diferente, mas o orgulho que sempre me caracterizou tanto, não me deixa arrependida dos atos precipitados, apenas quero na próxima vez fazer diferente, com calma e cautela. Diga-se de passagem, consciência, por que apesar de tentar-me ao arrependimento, sei quem sou: petulante, orgulhosa e arrogante (de passagem). Petulante ao favor de meus ideais, orgulhosa de ser quem sou e arrogante com quem não noto traços de sinceridade, é o meu eu querendo viver tranquilo sem baixar a guarda, esperando traições de todos os lados e batendo os joelhos no chão para agradecer a qualquer poderoso chefão pelos queridos, leais e pacientes amigos que me acalmam em qualquer incidente. Não sou nenhum anjo, nenhuma sombra do mal, apenas humana.
Giulia Campanha