Caro amigo, 22/11/2011
Quero agradecer por todas as vezes que pedi carinho e você
me deu, mesmo quando você se sentiu como se prestasse um favor. Quero dizer que
a nossa amizade me valia tanto ao ponto de me rastejar até você cabisbaixo, com
os olhos de quem implora remissão, mesmo tendo sido o mais devotado amigo que
você já teve. Mesmo quando eu estava me sentindo sozinho e você me ignorava, eu
quis todo o tempo ser fiel a nossa amizade. Mesmo quando apanhei de você por
algo seu que caiu e não consegui segurar sozinho, eu queria limpar a sujeira,
emitir um som, fazer um gesto desengonçado para me tornar objeto da sua atenção
e ser absolvido de minha falha. Eu era feliz por estar contigo e lhe ser útil
para distração quando você estava angustiado, eu me sentia abatido, desconsertando,
desesperado quando não conseguia lhe dar nem que seja conforto nos tempos
difíceis. Perdoe-me se te amei demais. É uma carta de perdão por ter amado e de
desistência. Perdoe-me por desistir, mas já estou pisando em falso, com o andar
manco pelas surras e pelo peso que era carregar essa nossa relação, minha alma
está pesada. Não cedo por amar menos, desisto porque envelheci com tudo que se
passou e não aguento como aguentava antes.
ASS: Cachorro